Toni: "Estou aberto para novos projectos"

10/16/2011 08:18:00 da tarde Publicado por Jolly Jumper

Correio Sport – Fez, ontem, 65 anos. É idade da reforma ou ainda falta muito?
Toni – O tempo passou tão depressa... É evidente que continuo a comemorar os meus aniversários. Não sinto o passar dos anos. O BI de um homem é irreversível, mas continuo a ter um espírito jovem, tento não deixar que os anos me ultrapassem. Estou aberto para novos projectos.
– Qual foi o ponto alto ao longo destes anos?
– Essa questão implica puxar o fio para trás e lembrar-me da minha infância numa aldeia, voltar à escola primária, jogar com sapatilhas que nada têm a ver com as Nike ou Adidas, saltar para as minhas passagens pelo Anadia e Académica, até chegar ao Benfica. É também falar do sonho que depois se transformou em realidade. Houve muitos altos.
– Para muitos foram os 6-3 aplicados ao Sporting em Alvalade, em 1993/94...
– Ficou na retina das pessoas, até porque o Benfica foi campeão nessa época. Mas, por exemplo, também fui protagonista da derrota por 7-1 com o Sporting. Houve momentos altos e baixos. Nesse aspecto, podia também falar da primeira vez que enverguei a camisola do Benfica, a primeira vez que fui campeão pelo Benfica, da Selecção, ou o primeira em que fui campeão como treinador. Foram sensações muito boas, com contornos diferentes.
– Quando substituiu José Mourinho no comando do Benfica, em 2001, imaginava que ele pudesse atingir este patamar?
– O José Mourinho deu os primeiros passos como treinador principal no Benfica, mas o clube não tinha as condições que passou a ter de há cinco anos a esta parte. Houve eleições e o Manuel Vilarinho ganhou. Eu era o seu treinador e ele não tocou no Mourinho, que decidiu sair após uma vitória sobre o Sporting (3-0). Fora do Benfica encontrou a estrutura certa para pôr em prática as suas concepções sobre o futebol. Pessoalmente, sinto muito orgulho nele, sou um fã incondicional do José Mourinho.
– Parte da sua carreira foi com Jesualdo Ferreira ao lado...
– Eu era júnior do Anadia e ele jogava na Ovarense. Contudo, foi no ISEF, actual Faculdade de Motricidade Humana, que nos tornámos amigos. Quando comecei como treinador principal chamei-o para adjunto, assim como ao Jorge Castelo e ao professor Manuel Jorge. Depois, fui com o Jesualdo para o Bordéus.
– Que ficou por fazer?
– Muita gente costuma dizer que se voltasse atrás fariam exactamente o mesmo. Eu não, há situações que não voltaria a viver. Dei alguns tiros, ou mesmo ‘bazucadas’ nos pés. Só que já não vale a pena chorar.
– Após os momentos de glória, custou-lhe pôr fim à carreira?
– Esses momentos são efémeros. Houve alguns em que pensava ter o Mundo a meus pés e pensava que se iam eternizar. Mas é tudo ilusão. Futebol é o momento e há que o saborear. Com o andar dos tempos e experiência acumulada percebemos que tudo se dilui com muita facilidade.
– Eriksson foi um dos melhores amigos que fez no futebol?
– Ele chegou ao Benfica com 33 anos, eu tinha mais três. Somos amigos há mais de 30 anos. Tal como Mourinho, ele tinha ideias e convicções muito avançadas para a época, encontrou jogadores com grande cultura táctica no Benfica, que o ajudaram a afirmar-se como grande treinador. Depois, foi para Itália, onde não era fácil a um treinador estrangeiro vingar.

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