Carnaval na Mealhada Preço de bilhetes afasta espectadores do corso

2/23/2009 08:29:00 da tarde Publicado por Jolly Jumper

O Sol, tímido, sobrepõe-se às nuvens, mas o vento frio torna a tarde de domingo desagradável. O tempo não convida à festa. No entanto, esse não é o único responsável pelo relativo à-vontade com que - em contraste com anos anteriores - se circula e assiste no Sambódromo da Mealhada ao corso "mais brasileiro" dos carnavais portugueses.

"Há gente que vem aqui e volta para trás", reconhece o porteiro de uma entrada no recinto, feito de ruas e largos na zona do complexo desportivo. Carros alegóricos e escolas locais de samba já desfilam, ao ritmo dos sons quentes vindos do outro lado do Atlântico. Só isso aquece os foliões.

"Mas ainda é cedo", adverte o porteiro, escusando-se a adiantar outro motivo, além do "mau tempo", para a afluência de pessoas, muito abaixo das 10 a 15 mil esperadas.

No jardim do centro da cidade, próximo da câmara municipal, não faltam alguns turistas. Um casal e três filhos, de Anadia, passeiam "para ajudar a digestão". Susana e Miguel, 16 e 12 anos (o irmão foge com a mãe à conversa), lamentam, embora compreendam a decisão: "Está a ver, cinco pessoas a seis euros é dinheiro", justifica-se assim o pai.

Isabel Soeiro, 20 anos, traz um cesto de vime pendurado no braço - "É bonito, não é?" Veio, "com o noivo e um casal amigo", de Aveiro, para ver o cortejo. O preço dos bilhetes fez, todavia, com que o grupo mudasse de ideias e, com o dinheiro que poupou, comprou a cesta para, graceja, "guardar as prendas do casamento" marcado para breve.

Nos restaurantes que, na estrada (EN1), anunciam o famoso leitão à Bairrada, o Carnaval "não se nota muito". A hora de almoço já lá vai e "tivemos um domingo quase normal", conta a empregada de uma destas casas. Na ruas da cidade "há mais gente do que o habitual", mas entre os comerciantes também não faltam queixas sobre o rumo dos negócios.

No Sambódromo, os vendedores dos mais diferentes produtos - de comidas e bebidas a brinquedos, passando pelos cobertores ou loiças - também se afirmam insatisfeitos. Até porque têm de desembolsar para terem direito ao espaço. "E não é pouco", censura Rosa Peixoto, vendedora de pão de Deus e regueifa doce. Vem de Santa Maria da Feira à Mealhada já há muitos Carnavais, mas neste "ainda não se estreou a vender". Por enquanto... Os negócios estão frios como o tempo e, neste caso, nem a música os anima.

Publicado no DN

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