Escolas de condução alvo de buscas

10/22/2009 12:24:00 da manhã Publicado por Jolly Jumper

Carta de Condução (Arquivo PD)
O núcleo de Investigação criminal de Oliveira de Azeméis efectuou buscas, esta quarta-feira, em duas escolas de condução de Anadia, apurou a TVI.

De acordo com as autoridades policiais, estão em causa, falsificações de guias de condução, registos de frequência de exame, bem como o suborno de funcionários de centro de exames.

Após um ano de investigação o núcleo de investigação desenvolveu a operação nas duas escolas de Anadia, ambas com o mesmo proprietário.

Mais de vinte pessoas já foram constituídas arguidas, uma outra será presente esta quinta-feira a tribunal. As escolas estão neste momento encerradas.
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Publicado em IOL Diário
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Detido 'cérebro' de rede que vendia cartas
"Operação Stop" acaba com esquema de corrupção e fraude em exames e falsificação de guias de condução
MIGUEL GONÇALVES
foto Bruno T. Pires/JN
Detido 'cérebro' de rede que vendia cartas

A GNR pôs termo, ontem, quarta-feira, a um esquema de cartas fraudulentas e guias falsas. Os exames de condução também eram combinados e no Código os alunos usavam microcâmaras nos botões da roupa, recebendo as respostas por um auricular.

A investigação foi desencadeada pelo Ministério Público (MP) de Oliveira de Azeméis há cerca de um ano, na sequência da descoberta de um condutor que, interceptado pela Polícia, apresentou uma guia de substituição de carta de condução que, apesar de "extremamente perfeita", tinha um número que a ex-Direcção-Geral de Viação afirmava pertencer a outra pessoa que não o fiscalizado.

Segundo fonte ligada ao processo, o esquema usado era simples: um homem, de 64 anos, sem profissão, residente no concelho de Oliveira de Azeméis, prometia arranjar cartas a troco de uma quantia que oscilava entre os 1500 a dois mil euros, sem que os interessados tivessem de se esforçar muito ou dominassem sequer as técnicas de condução.

Inscreviam-se em duas escolas de Anadia, cujo proprietário, de Santa Comba Dão, emitia uma declaração a atestar que ali tinham sido ministradas todas as aulas de código e de condução obrigatórias. Só que os "alunos" nem sequer entravam nas instalações da escola.

Para garantir êxito aos "clientes" nos exames de código e de condução, o angariador recorria a microcâmaras de filmar e auriculares, que o Núcleo de Investigação Criminal (NIC) da GNR de Oliveira de Azeméis apreendeu ontem, e alegadamente subornava examinadores [ver texto na página ao lado].

Mas o alegado mentor do esquema, que vai ser hoje presente ao Tribunal de Oliveira de Azeméis para primeiro interrogatório, tinha aprimorado o serviço. Enquanto os alunos não obtinham a carta de condução, podiam adquirir, por 250 a 300 euros, guias de substituição de carta, que lhes permitiam conduzir durante três meses de forma "legal". Se fossem interceptados pela Polícia exibiam essa guia ou diziam que se tinham esquecido dos documentos em casa. Eram multados em 30 euros e obrigados a apresentar a carta no posto policial mais próximo. Entretanto, o angariador vendia-lhes uma guia que "provava" que o autuado tinha uma habilitação legal de condução, mas que esta estava a ser renovada.

Desde Abril que o NIC da GNR de Oliveira de Azeméis começou a apertar o cerco aos suspeitos, vigiando todos os seus movimentos, numa operação denominada de "Stop" e que culminou, ontem, com a detenção do alegado cabecilha do grupo. O empresário de Santa Comba Dão, de cerca de 40 anos, foi constituído arguido e sujeito a termo de identidade e residência pelo tribunal. Em casa do sexagenário, que tem processos em tribunal por furto e falsificação, o NIC apreendeu uma caçadeira de canos serrados, o carimbo usado para "validar" as guias, documentos falsos que serviriam para contrair empréstimos bancários, uma câmara de filmar e um auricular, entre outros objectos. Nas duas escolas de condução de Anadia a GNR apreendeu computadores e vários documentos.

Fonte policial disse ao JN que o dono das escolas de condução prometeria aos seus alunos um bónus pela inscrição no seu estabelecimento. "Tinham logo direito a conduzir 'legalmente', porque lhes eram facultadas guias até terem efectivamente a carta de condução. Para o cabecilha, este esquema era fantástico. Era uma renda sempre certinha, porque ao fim de três meses os 'clientes' tinham de renovar as guias, para poderem continuar a conduzir, e lá tinham de desembolsar mais 250 ou 300 euros", diz a nossa fonte.

Os beneficiários deste esquema, já identificados pelo NIC, são "condutores" de vários concelhos do Norte e Centro do país. O JN sabe que nos próximos dias mais pessoas poderão vir a ser constituídas arguidos.

Publicado em JN

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